O governo tem que sair do isolamento, se articular com setores de sua base social, pois apesar de estar fazendo uma boa gestão está perdendo a guerra da comunicação, Antônio Augusto Queiroz Jornalista e diretor do Diap
O jornalista e analista político Antônio Augusto
Queiroz, o Toninho, diretor de Documentação do Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), avalia que a atual
conjuntura política do país e pede atenção para algumas medidas já
votadas pelos deputados e senadores ou prometidas por eles e pelo
governo federal que não resolvem plenamente os problemas apontados pelos
protestos. Em alguns casos, as demandas ainda não tiveram sequer
solução prevista.
A maior motivação das manifestações, segundo enfatizou, foi uma indução da população através da mídia a serviço do mercado que está contrariado com a redução da taxa de juros e que intensificou a ideia de que as conquistas obtidas estão ameaçadas. Esta estratégia criou um pavor na sociedade (classe média) e originou o “denuncismo” como arma política. “A mídia, a serviço do mercado que está contrariado, inflamou a sociedade através da ideia original do mercado que fez o denuncismo como arma política. No primeiro momento apontando casos como o mensalão, CPIs etc. Chamou atenção, mas não fragilizou o governo. Depois a partiram para a exposição das falhas do serviço publico (o que surtiu mais efeito); e agora veio a segunda fase que é mostrar a desorganização financeira do governo o que levou o povo às ruas”, analisou.
Para o analista, o ambiente vivido hoje pelo país é de pura indignação quase que generalizado onde a sociedade protesta; o mercado discorda das orientações do governo em torno das concessões públicas e do tratamento do mercado financeiro; e do próprio congresso que tem tido resistência à postura governamental. Na visão dele é um momento muito delicado para o Brasil pela disputa econômica sempre existente no diálogo político. “É um ambiente de muita apreensão e preocupação onde você tem de lado a classe média envolvida pelo processo e os manifestantes, integrados principalmente pela juventude com idade em torno de 20 anos e que não tem elementos de comparação para chegar à conclusão de que a vida dela vai ser pior que a vida dos pais quando havia inflação, falta de acesso a bens, regime militar e etc.”, ponderou.
Contra avanços
Numa análise mais detalhada sobre esta indução da mídia promovida pelo mercado Antônio Queiroz afirmou que o governo está sendo questionado pelo mercado pelo o que está fazendo de bom para a sociedade como, por exemplo, a imposição da universalização dos serviços públicos, da conquista da PEC do trabalho doméstico que causou um desconforto a classe média e ainda a limitação das margens de lucros das empresas prestadoras de serviços e a redução da taxa de juros. “As manifestações vieram para ficar, serão em menores quantidades, mas mais pulverizadas e ficarão até 2014 onde serão fortalecidas pelas eleições e pela Copa do mundo. O governo tem que sair do isolamento, se articular com setores de sua base social, pois apesar de estar fazendo uma boa gestão está perdendo a guerra da comunicação”, finalizou.
Três crises
Para o analista político, o país passa por três crises diferentes: a falta representatividade - a população não se sente representada pelos políticos e entidades; crise de valores - as pessoas acham que o dinheiro público está sendo mal aplicado; e uma crise de qualidade de prestação de serviço público.
Hoje o que está havendo é uma prevalência do poder econômico em relação à formação do poder no Brasil.
Como há o financiamento privado de campanha, os parlamentares e os governantes de um modo geral, considerando o custo elevado das campanhas, dependem desses apoios, e isso com certeza, traz uma situação de constrangimento para esses parlamentares. “Enfrentar todas ao mesmo tempo não será uma tarefa fácil e isso vai ter reflexos na eleição presidencial, onde a presidente que estava no topo das pesquisas agora apresenta uma queda de popularidade”, comentou.
A “carona” observada na inclusão de itens diversos às matérias votadas pela Câmara e pelo Senado (PEC 37; corrupção passiva como crime hediondo; cura gay, etc.) é comum nos parlamentos de todo o mundo em momentos semelhantes ao que vive o Brasil. Para ele, no entanto, a presidenta Dilma Rousseff tem o poder de vetar e deve analisar, com cuidado, o que pode vir a ser considerado excesso, oportunismo, conveniência ou contrário ao interesse público.
Encontro
Na noite de ontem, membros do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do Maranhão (Sindjus/MA) realizaram o primeiro dia do encontro que envolve as diretorias de todos os outros sindicatos representativos dos trabalhadores do judiciário do País e da Federação Nacional dos Servidores dos Judiciários dos Estados (Fenajud), para discutir a posição da categoria diante do presente ‘cenário’ político nacional. A categoria ainda se reunirá hoje e amanhã no auditório do Hotel Holliday In. O painel de abertura contou com a participação de Toninho que analisou a atual conjuntura política que tem muito a ver com os trabalhadores do judiciário que defendem leis conjuntas
AS POLÊMICAS
Confira quais são os entraves do pacote de reivindicações, promessas de medidas e projetos aprovados como respostas às manifestações.
Plebiscito
São grandes as divergências no Congresso a respeito da ideia de se fazer um referendo ou um plebiscito sobre a reforma política. A proposta também encontra resistência no Judiciário
Contratação de médicos estrangeiros
O anúncio feito pela presidente Dilma de contratação de "milhares" de médicos estrangeiros gerou críticas de entidades de saúde. O Ministério da Saúde anunciou que o edital de chamamento para médicos trabalharem na periferia e no interior do país deve sair ainda este ano
A maior motivação das manifestações, segundo enfatizou, foi uma indução da população através da mídia a serviço do mercado que está contrariado com a redução da taxa de juros e que intensificou a ideia de que as conquistas obtidas estão ameaçadas. Esta estratégia criou um pavor na sociedade (classe média) e originou o “denuncismo” como arma política. “A mídia, a serviço do mercado que está contrariado, inflamou a sociedade através da ideia original do mercado que fez o denuncismo como arma política. No primeiro momento apontando casos como o mensalão, CPIs etc. Chamou atenção, mas não fragilizou o governo. Depois a partiram para a exposição das falhas do serviço publico (o que surtiu mais efeito); e agora veio a segunda fase que é mostrar a desorganização financeira do governo o que levou o povo às ruas”, analisou.
Para o analista, o ambiente vivido hoje pelo país é de pura indignação quase que generalizado onde a sociedade protesta; o mercado discorda das orientações do governo em torno das concessões públicas e do tratamento do mercado financeiro; e do próprio congresso que tem tido resistência à postura governamental. Na visão dele é um momento muito delicado para o Brasil pela disputa econômica sempre existente no diálogo político. “É um ambiente de muita apreensão e preocupação onde você tem de lado a classe média envolvida pelo processo e os manifestantes, integrados principalmente pela juventude com idade em torno de 20 anos e que não tem elementos de comparação para chegar à conclusão de que a vida dela vai ser pior que a vida dos pais quando havia inflação, falta de acesso a bens, regime militar e etc.”, ponderou.
Contra avanços
Numa análise mais detalhada sobre esta indução da mídia promovida pelo mercado Antônio Queiroz afirmou que o governo está sendo questionado pelo mercado pelo o que está fazendo de bom para a sociedade como, por exemplo, a imposição da universalização dos serviços públicos, da conquista da PEC do trabalho doméstico que causou um desconforto a classe média e ainda a limitação das margens de lucros das empresas prestadoras de serviços e a redução da taxa de juros. “As manifestações vieram para ficar, serão em menores quantidades, mas mais pulverizadas e ficarão até 2014 onde serão fortalecidas pelas eleições e pela Copa do mundo. O governo tem que sair do isolamento, se articular com setores de sua base social, pois apesar de estar fazendo uma boa gestão está perdendo a guerra da comunicação”, finalizou.
Três crises
Para o analista político, o país passa por três crises diferentes: a falta representatividade - a população não se sente representada pelos políticos e entidades; crise de valores - as pessoas acham que o dinheiro público está sendo mal aplicado; e uma crise de qualidade de prestação de serviço público.
Hoje o que está havendo é uma prevalência do poder econômico em relação à formação do poder no Brasil.
Como há o financiamento privado de campanha, os parlamentares e os governantes de um modo geral, considerando o custo elevado das campanhas, dependem desses apoios, e isso com certeza, traz uma situação de constrangimento para esses parlamentares. “Enfrentar todas ao mesmo tempo não será uma tarefa fácil e isso vai ter reflexos na eleição presidencial, onde a presidente que estava no topo das pesquisas agora apresenta uma queda de popularidade”, comentou.
A “carona” observada na inclusão de itens diversos às matérias votadas pela Câmara e pelo Senado (PEC 37; corrupção passiva como crime hediondo; cura gay, etc.) é comum nos parlamentos de todo o mundo em momentos semelhantes ao que vive o Brasil. Para ele, no entanto, a presidenta Dilma Rousseff tem o poder de vetar e deve analisar, com cuidado, o que pode vir a ser considerado excesso, oportunismo, conveniência ou contrário ao interesse público.
Encontro
Na noite de ontem, membros do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do Maranhão (Sindjus/MA) realizaram o primeiro dia do encontro que envolve as diretorias de todos os outros sindicatos representativos dos trabalhadores do judiciário do País e da Federação Nacional dos Servidores dos Judiciários dos Estados (Fenajud), para discutir a posição da categoria diante do presente ‘cenário’ político nacional. A categoria ainda se reunirá hoje e amanhã no auditório do Hotel Holliday In. O painel de abertura contou com a participação de Toninho que analisou a atual conjuntura política que tem muito a ver com os trabalhadores do judiciário que defendem leis conjuntas
AS POLÊMICAS
Confira quais são os entraves do pacote de reivindicações, promessas de medidas e projetos aprovados como respostas às manifestações.
Plebiscito
São grandes as divergências no Congresso a respeito da ideia de se fazer um referendo ou um plebiscito sobre a reforma política. A proposta também encontra resistência no Judiciário
Contratação de médicos estrangeiros
O anúncio feito pela presidente Dilma de contratação de "milhares" de médicos estrangeiros gerou críticas de entidades de saúde. O Ministério da Saúde anunciou que o edital de chamamento para médicos trabalharem na periferia e no interior do país deve sair ainda este ano


