A Rio+20 vai
reunir líderes de todo o mundo para tratar do clima — mas dá para esperar
resultados?
Quando aconteceu a Rio-92, o encontro de cúpula
organizado pela ONU para discutir o então relativamente novo tema do
desenvolvimento sustentável, o presidente do Brasil era Fernando Collor de
Mello, o cruzeiro ainda era a moeda nacional, a abertura econômica chinesa
estava apenas começando a mostrar resultados e a ideia de que a temperatura da
Terra pudesse estar aumentando perigosamente estava essencialmente restrita ao
mundo acadêmico. Em 2012, urna nova leva de lideranças mundiais estará no Rio
de Janeiro para avaliar os progressos — ou a falta deles — nas duas décadas que
se passaram desde o evento original. O Brasil e o mundo mudaram muito, mas no
que diz respeito às discussões sobre o clima a mudança que estará em pauta é
outra, bem mais recente: será que o ímpeto dos esforços por uma agenda global
está arrefecendo? A expectativa para a reunião de Copenhague, dois anos atrás,
era grande, mas o encontro acabou sem resultados importantes. Com a perspectiva
de uma prolongada crise econômica dominando a agenda dos governantes, e diante
das dificuldades em conseguir um equilíbrio entre ricos, emergentes e pobres
quando o assunto envolve o desenvolvimento, o temor é que o evento no Rio dê em
muito pouco, a exemplo do que aconteceu na Dinamarca.